Disciplina: Economia Monetária
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Resumo
do Capitulo 04 – Modelos neoclássicos
keynesianos de demanda por moeda
A demanda
transacional por moeda depende da renda dos agentes econômicos – como
exposto por J. M. Keynes – mas também da taxa de juros corrente. Este
pensamento é a base da crítica feita pelo economista James Tobin (1918-2002) ao
modelo keynesiano. Representante dos teóricos da “síntese neoclássica”, Tobin
analisa a demanda especulativa por moeda (modelo de composição de carteiras) e também
a demanda transacional (“abordagem Tobin/Baumol”), com o claro intuito de
redefinir os motivos que levam os agentes econômicos a demandarem moeda.
Dos
motivos elencados por Keynes de demanda por moeda, a demanda transacional é a
que se refere ao uso da moeda como meio de pagamento, enquanto a demanda
especulativa assume que a moeda também pode ser acumulada como riqueza (reserva
de valor), como outros tantos ativos. Todavia, a moeda não rende ao seu
possuidor nenhum retorno tangível. Fator que Keynes deu menor importância, ao
considerar a moeda como instrumento de segurança a quem a possuísse. Isto levou
Tobin a considerar falho o raciocínio do autor.
Para
Keynes, há uma relação positiva entre o preço de mercado dos títulos
financeiros e a taxa de juros. O que significa dizer que a demanda por títulos
aumentará de acordo com a expectativa do investidor de elevação da taxa de
juros, proporcionando-lhe maior rendimento. No entanto, consideram-se títulos
como promessas de recebimento futuro, devendo-se levar em conta o valor desse
ativo no decorrer do tempo. Tobin, por outro lado, mostrará que “quando a taxa de juros sobe, o valor de
mercado do papel, seu preço de mercado, cai”; isto, com base em dois
elementos: a taxa de juros a ser paga no período em que possui os títulos e o
preço de revenda deste papel ao final do período. Dessa forma, quanto maior a
taxa de juros, menor a necessidade de capital investido para a obtenção de um
determinado valor ao final do período.
A
explicação da demanda especulativa da moeda, realizada por Tobin, aponta que os
investidores optam por reter moeda para comprar títulos a preços menores,
sempre que a taxa de juros se elevarem. Daí, o autor formula o seu modelo de composição da carteira de ativos,
que desconsidera a possibilidade de investidores se especializarem
exclusivamente em apenas um dos ativos (moeda ou títulos), como transparecia o
modelo keynesiano. Para uma economia que envolva riscos, é mais provável que os
investidores diversifiquem sua carteira entre títulos e moedas.
O
modelo de composição de carteira teve como suposto básico a existência de dois
tipos de ativos disponíveis ao investidor: a moeda e os títulos, facultando-lhe
uma infinidade de combinações; o investimento em títulos envolve riscos, mas
algum retorno; já a moeda, nenhum; os indivíduos geram expectativas
probabilísticas quanto ao rendimento de seus ativos ao fim do período, e assim
buscarão otimizar uma função utilidade que combine sua “cesta” de investimentos
com os maiores rendimentos e os menores riscos; estas combinações são
denominadas curvas de oportunidade,
correspondentes às possibilidades de cada um, que tangenciam as curvas de indiferença (preferências) no
ponto de maximização dos interesses dos agentes econômicos.
Para
explicar a demanda transacional da moeda, Tobin, juntamente com Baumol, alegou
que tal demanda não era apenas uma função da renda, como fizera Keynes, mas
também função da taxa de juros corrente. Basicamente, Tobin e Baumol ponderaram
que o indivíduo ao buscar maximizar sua função utilidade, num dado período de
tempo, deixará apenas uma parte de sua renda em suas mãos, para transação,
preferindo por aplicar o restante em títulos (auferindo renda), uma vez que ele
poderá vendê-los posteriormente para a efetuação de pagamentos correntes.
Os
autores, especialmente Baumol, consideraram os fatores a evitar que todo o
dinheiro fosse aplicado em títulos para serem posteriormente vendidos conforme
a necessidade de dinheiro. Um indivíduo maximizador de sua utilidade manterá
saldos monetários com o intuito de evadir-se dos custos oriundos do processo de
compra e venda dos títulos e custos de oportunidade daí decorrentes. Assim, o quantum de moeda retida será uma função
da receita dos títulos com o custo das aplicações nos mesmos. O indivíduo se
comportará de forma a manter em mãos apenas o essencial para o cumprimento de
suas obrigações, e, ao mesmo tempo buscará auferir ganhos resultantes de uma
aplicação financeira. Isto prova que quanto maior a taxa de juros, menor a
quantidade de dinheiro retida pelos agentes. E assim, fica posto que a demanda
transacional por moeda seja também sensível às alterações da taxa de juros.
A
teoria keynesiana de demanda por moeda também foi reformulada por autores como
Stiglitz e Weiss, relacionando-a com a oferta e demanda por crédito, denominada
teoria do racionamento de crédito. Partiram de um questionamento básico: Porque
o crédito não funciona como um mercado competitivo comum? Simplesmente porque o
mercado financeiro proporciona a assimetria de informação.
Um
participante desse mercado não possui informações perfeitas a respeito de outro
participante, o que o impossibilita de tomar decisões com maior grau de
certeza. Esta situação afeta o comportamento individual de cada participante,
gerando o que se chama de “risco moral”, ou mesmo, aumenta o grau de risco de
um conjunto de tomadores de empréstimo (seleção adversa). Assim, o crédito pode
ser reduzido ainda que haja pessoas dispostas a pagar o preço de mercado
(juros) pelo mesmo.
Quanto
à “seleção adversa”, compreende-se um funcionamento imperfeito do mercado de
crédito em uma operação financeira, que encarece o preço dos empréstimos, antes
do negócio ser realizado, pelo fato das agências financiadoras não poderem
distinguir entre o bom e o mau pagador. Considerando-se que os bons pagadores
normalmente optam por não pagarem juros mais altos, é de se esperar que os maus
pagadores fatalmente sejam selecionados. Já o “risco moral”, é um problema que
ocorre após a realização da transação. Tomadores de empréstimos optam por
investirem em negócios mais arriscados, de maior retorno, a taxas de juros
maiores, aumentando as possibilidades do financiamento não ser pago. À medida
que os juros aumentarem, somente esse tipo de demandante irá executar seus
projetos. Em ambos os casos, tem-se forçado o racionamento do crédito por parte
dos emprestadores.