sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A EFICIÊNCIA MARGINAL DO CAPITAL



DISCIPLINA: TEORIA MACROECONÔMICA I
PERÍODO LETIVO: 2007.2
DISCENTES: Leonardo Rodrigues Porto; Marcelo Lima Santos; Diogo Meira Santos; Luiz Cláudio dos Santos Lima.


Definida por Keynes (1982, p.115) como “a taxa de desconto que tornaria o valor presente do fluxo de anuidades das rendas esperadas de [um] capital, durante toda a sua existência, exatamente igual ao seu preço de oferta”, a eficiência marginal do capital é a relação entre a expectativa de ganhos futuros dado o investimento em determinado bem de capital (“renda esperada do investimento”), com o custo de se produzir novas unidades do referido bem (“custo de reposição” ou “preço de oferta”).
O tema é abordado pelo economista inglês John Maynard Keynes (1883-1946), em sua obra intitulada Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, no capítulo 11, livro IV. Este último, dedicado para a análise do incentivo ao investimento. Neste ensaio, busca-se compreender o raciocínio do autor, apresentando o seu conceito de eficiência marginal do capital e a influência na decisão de investir.
A eficiência marginal do capital surge do direito obtido por um investidor ao adquirir um determinado bem de capital. Espera-se, com isto, um fluxo de rendas futuras, com a venda de seus produtos, enquanto durar o capital, e depois de subtraída as despesas necessárias na confecção de tais produtos.
A renda esperada desses investimentos, disposta numa série de anuidades (Q1, Q2... Qr...), contrasta com o preço de oferta, isto é, o preço suficiente para induzir um empresário a produzir uma unidade suplementar desse capital. A relação entre a expectativa da renda que se espera obter com o bem de capital e o custo para se repor novas unidades deste referido bem será a eficiência marginal do capital. Ou ainda, “a taxa de lucros prevista para os novos investimentos” (BRESSER PEREIRA, 1973).
A eficiência marginal do capital, portanto, é uma expectativa da renda e do preço de oferta correntes do bem de capital. Não se baseia em valores históricos, numa análise retrospectiva da existência do bem. Isto é, o bem é analisado não por seu custo original, mas pelo custo atual de se repor uma nova unidade deste bem.
O autor salienta, ainda, a relação inversa entre o nível de investimento de certo bem de capital e a eficiência deste capital. A eficiência marginal de determinado tipo de capital diminui à medida que o investimento nesse tipo de capital aumenta, considerando certo período de tempo. Em suas palavras, “porque a renda prospectiva baixará conforme suba a oferta desse tipo de capital e, em parte, porque a pressão sobre as fábricas daquele dado tipo de capital causará, normalmente, uma elevação de seu preço de oferta.” (Keynes, 1982, p.116). No primeiro motivo, percebe-se a influência da lei dos rendimentos decrescentes, que influencia o curto prazo.
O investimento irá alternar até o ponto em que a curva de demanda por investimento (curva de eficiência marginal do capital) for igual à taxa de juros do mercado. Logo, o incentivo para investir é função tanto da taxa de juros quanto da curva de demanda por investimento, que dependerá da renda corrente e das expectativas de rendas futuras.
Estes elementos se evidenciam na expectativa de modificações no custo de produção, como resultado de mudanças no custo do trabalho (taxa de salários) e de inovação tecnológica.
Outro fator importante é a expectativa de redução do valor da moeda. Há um estímulo ao investimento, conseqüentemente, do emprego em geral. Isto, dado pela elevação da eficiência marginal do capital, ou seja, na escala de demanda por investimento. No contrário, verifica-se um efeito depressivo, pois, reduz-se a escala da eficiência marginal do capital.
Obviamente, que este estímulo é condicionado pela taxa de juros. Esta se elevando, traria um efeito neutralizador. Porém, uma queda nos preços atuará de modo inverso, significando que a produção resultante do equipamento, hoje, competirá durante sua existência, com produções futuras, em que se basta uma retribuição menor.
Importante ressaltar a dependência existente entre a eficiência marginal do capital e as variações na expectativa. Esta dependência sujeita a eficiência marginal do capital a certas flutuações violentas, que explicam os ciclos econômicos.
O volume do investimento também pode ser afetado por dois tipos de risco. O risco do empresário ou do tomador de empréstimos, que surge das dúvidas quanto à probabilidade de conseguir, efetivamente, o retorno que se espera. E, o risco do emprestador, que fornece a concessão de créditos, protegido por certa margem de garantia real ou pessoal de pagamento da dívida.

REFERÊNCIAS

BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. A função investimento e a eficiência marginal do capital. Disponível em: http://www.bresserpereira.org.br/works/casos/73.Função
Investimento&EficienciaMarginalDoCapital.pdf. >Acessado em 17/06/2008.

KEYNES, John Maynard. A teoria geral do emprego, do juro e da moeda. Trad. Mário R. da Cruz. São Paulo, Atlas. 1982.

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