Disciplina: Evolução da Economia Baiana
Prof. Antonio Andrade Leal
05 de outubro de 2010
QUESTÃO:
TOMANDO O CONCEITO DE PLANEJAMENTO COMO INSTRUMENTO DE DESENVOLVIMENTO, ANALISE
SUA HISTÓRIA A NÍVEL NACIONAL, REGIONAL E EM NÍVEL DE BAHIA, ASSIM COMO SUAS
IMPLICAÇÕES PRÁTICAS NAS MUDANÇAS OPERADAS NO SEIO DA ECONOMIA BAIANA.
O Estado é uma
importante peça de funcionamento de uma economia moderna. A sua função no
ambiente econômico, todavia, suscita muita discussão dentre as diversas escolas
do pensamento econômico. A Escola Liberal, por exemplo, formada a partir das
ideias do escocês Adam Smith, sugere a não intervenção estatal nas decisões de
mercado. Esta, que constitui a primeira organização formal e bem estruturada da
Ciência Econômica, era uma reação às práticas absolutistas do período
mercantil, em que a nação era privilegiada em desfavor dos proprietários
individuais. Os liberais defendiam, ao contrário, a livre-iniciativa
individual.
As proposições da
Escola Liberal, no entanto, sugeriam uma harmonia econômica promovida pelo
mercado, que não correspondia à realidade. Isto levou a muitos teóricos e, em
especial, a Karl Marx, pensador alemão do século XIX, a denunciar o papel do
Estado como mantenedor de uma ordem social injusta. Propunha-se a tomada do
Estado e a socialização dos meios de produção. Pode-se registrar esta tentativa
na experiência da União Soviética das Repúblicas Socialistas (URSS), cuja qual
o estado detinha plenos poderes de planejar a sua economia. Não de outra
maneira, esta prática costuma ser atribuída a ideias ditas socialistas.
Embora as ideias
socialistas não tenham sido aderidas por grande parcela do mundo capitalista, o
ano de 1929 acusou, de forma prática e evidente, as limitações das teorias
liberais e do mercado auto-regulado: quebra da bolsa de valores de New York,
seguida da depressão econômica dos anos 1930. Diante deste quadro, a resposta
teórica que obteve maior expressividade foi de ordem heterodoxa. O inglês John
Maynard Keynes propôs a intervenção do estado em uma economia de mercado. Isto
é, o estado deveria atuar como indutor do crescimento econômico, através do
planejamento.
Assim, ainda que outras
correntes do pensamento econômico tenham surgido e discordado dessas ideias (p.
ex.: o neoliberalismo), a noção de planejamento estatal, desde então, jamais
deixou de fazer parte do mundo capitalista.
No Brasil não foi
diferente.
Desde seus primeiros
séculos de formação do território nacional até os anos 30 do século XX, a
economia do país caracterizou-se pela ocorrência de ciclos econômicos em
regiões diferentes do país, sem que houvesse nenhuma articulação entre um e
outro. Em linhas gerais, tivemos o ciclo da cana-de-açúcar, da borracha, do
ouro, do café, que foram expressivos para a economia brasileira.
Todavia, quando afetado
pela crise dos anos 1930 e diante da emergência de uma indústria ainda infante
no país, aportado pelas novas ideias keynesianas, o governo brasileiro começou
a atuar de forma mais nítida e significativa em sua economia. De suas ações,
destaca-se a política de "substituição de importações", marcante do
pensamento e política econômica brasileira.
Tinha-se por objetivo
dotar o país de uma indústria forte, capaz de produzir bens de capital e bens
duráveis, tornando sua economia robusta e menos dependente das variações
externas. São exemplos de planos econômicos brasileiros o SALTE, o Plano de
Metas, o PAEG, os PNDs, dentre outros.
Dessa forma, o Brasil
logrou obter sua condição de país industrializado. Fenômeno que ocorreu,
sobretudo, na Região Sudeste do país, mais particularmente, no estado de São
Paulo. As políticas de industrialização do país foram, portanto,
concentradoras.
Tal situação
condicionou o subdesenvolvimento da Região Nordeste, aliada a fatores
climáticos (grande secas), culturais (coronelismo) e econômicos (desvantagens
competitivas). O governo deveria, pois, elaborar propostas que revertessem, ou diminuíssem,
esse quadro. Foram montadas comissões, presididas pela CEPAL, com o intuito de
criar mecanismos de apoio ao desenvolvimento da região. Salienta-se a criação
de instituições como o Banco do Nordeste e, em especial, a SUDENE que tinham
como meta canalizar os esforços do Estado neste sentido.
Era consenso que frente
à industrialização e desenvolvimento do Sudeste, seria inviável o crescimento
do Nordeste sem a atuação de órgãos interventores. Isto leva a questionar o
intrigante caso do estado da Bahia. O Estado baiano reuniu em finais do século
XIX uma indústria viçosa, ainda que nascente. Sua história econômica acompanha à do país, qual
seja de ciclos, do qual se destaca o ciclo do cacau. Mas, ainda que tenha
reunidas estas condições, não logrou se desenvolver.
Economistas como Dias
Tavares, Pinto de Aguiar, Rômulo de Almeida, dentre outros, se prestaram a
estudar o fenômeno, conhecido na literatura por "enigma baiano". Seus
estudos tinham por móvel identificar as causas (que passam por ingerência do
empresariado baiano, políticas como as cambiais, que beneficiavam o Sudeste
etc.) e, principalmente, as possíveis soluções, que deveriam passar pelo processo
de planejamento.
A princípio o Grupo de
Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste (GTDN) propunha para a Região e,
por conseguinte, para a Bahia, um modelo parecido com o do Brasil, quando o
Sudeste foi beneficiado. Isto é, executar uma política de substituição de
importações, transformando a matriz produtiva, para produzir bens finais,
independente do Sul do país.
Porém, na Bahia o
modelo adotado foi o sugerido pelo PLANDEB, que teve por meta tornar a
indústria baiana em produtora de bens intermediários para serem comercializados
com o Sul do país.
A Bahia adotou um
modelo que pode ser chamado de "desconcentração concentradora". Isto
é, o estado pôde industrializar-se, alterando significativamente a composição
de seu produto interno bruto, todavia, apenas em dois segmentos principais: a
petroquímica e a metalúrgica.
Do processo de
planejamento econômico na Bahia surgiram a refinaria Landulfo Alves, o Polo
Petroquímico de Camaçari, o Centro Industrial de Aratu e alguns distritos
industriais no interior do estado. Daí se percebe a importante presença desta
peça no crescimento econômico baiano.
Atualmente, o ambiente é caracterizado pela inexistência de políticas bem definidas de Estado, deixando de atuar a peça do planejamento, e dando ensejo ao fenômeno da "guerra fiscal". Deste cenário denota-se, mais uma vez, que o Estado, na Bahia, é um dos grandes responsáveis pelo processo de industrialização, ainda que por meio dos incentivos fiscais a influenciar na decisão de investimento do empresário capitalista.
Atualmente, o ambiente é caracterizado pela inexistência de políticas bem definidas de Estado, deixando de atuar a peça do planejamento, e dando ensejo ao fenômeno da "guerra fiscal". Deste cenário denota-se, mais uma vez, que o Estado, na Bahia, é um dos grandes responsáveis pelo processo de industrialização, ainda que por meio dos incentivos fiscais a influenciar na decisão de investimento do empresário capitalista.
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